A passagem de Haris Seferovic pelo Celta de Vigo foi breve, mas marcante o suficiente para reter na memória o melhor período futebolístico de Gabri Veiga na equipa galega. O mágico de Porriño, como chamavam ao espanhol, emergia como um dos jogadores mais influentes e valorizados do conjunto que tem os Balaídos como casa e sairia pouco depois para a Arábia Saudita e para o Al Ahli por €30 milhões. Emprestado pelo Benfica em janeiro de 2023, o avançado suíço foi integrado na equipa espanhola então liderada por Carlos Carvalhal. A sua estreia como titular foi memorável, ao marcar um golo na vitória por 3-0 frente ao Valladolid, numa partida em que o médio negociado pelo FC Porto com o Al Ahli bisou.
Em exclusivo a A BOLA, o ponta de lança, atualmente no Al-Nasr, dos Emirados Árabes Unidos, fala de um talento raro, um jogador com «uma surpreendente» facilidade em fazer golos ou encontrar os melhores caminhos para a baliza adversária. A somar a isto, tem também valências «defensivas» que o tornam «um futebolista muito completo» e não tem dúvidas em afirmar que «é um nome que ajuda a valorizar qualquer equipa.»
é um nome que ajuda a valorizar qualquer equipa
No caso é o FC Porto. «Preferia que fosse o Benfica, porque é craque», junta, a brincar, Seferovic, que vê com normalidade o desejo do antigo companheiro de regressar à Europa. «Gabri é realmente um jogador espantoso, com grande talento. É também um rapaz impecável. No Celta de Vigo tinha essa facilidade de jogar bem, marcar golos ou oferecer golos», recorda. De facto, no fecho da época 2022/2023, antes de emigrar, o internacional sub-21 espanhol fez 11 golos e quatro assistências.
Uma produção que chamou a atenção do Nápoles. Contudo, os italianos não tiveram argumentos financeiros para combater o avanço destemido e surpreendente do Al Ahli. Em Espanha, muitos questionaram a decisão de um jovem em meteórica ascensão na La Liga em aceitar a Arábia Saudita, quando tinha solicitações de equipas mais fortes. Haris Seferovic, ele próprio a jogar na península arábica, não estranhou o passo dado por Gabri Veiga.
«O campeonato da Arábia Saudita desenvolveu-se muito nos últimos anos, está mais forte e mais mediático e o Gabri não deixou de evoluir lá, pelo contrário. É verdade que no primeiro ano uma lesão [no tornozelo] o atrapalhou um pouco, mas neste segundo ano fez um grande trabalho, foi titular, mostrou o seu talento e ganhou a Liga dos Campeões asiática. Não é tão pouco quanto isso», observa o goleador suíço. «Da mesma forma, entendo a decisão dele de querer regressar à Europa, após esse tempo na Arábia Saudita, porque o Gabri Veiga é realmente um jogador muito novo, ainda com margem para grandes conquistas», aponta.
Gosto mais o ver a n.º 10. Tem essa qualidade impregnada no seu futebol, mas, lá está, como também tem muita mobilidade e tem essa característica vincada de não dar uma bola por perdida, defensivamente é um médio com grande capacidade
A BOLA perguntou a Seferovic onde prefere ver Gabri jogar, uma vez que o espanhol é versátil, capaz de atuar em várias posições no meio-campo, como um 8 competente, um 10 destemido ou até mesmo a ala, desenhando diagonais imprevisíveis e perigosas. «Para mim, como 10. Atrás do avançado. Tem essa qualidade impregnada no seu futebol, mas, lá está, como também tem muita mobilidade e tem essa característica vincada de não dar uma bola por perdida, defensivamente é um médio com grande capacidade», avalia.
Nesse Celta de Vigo, de Carlos Carvalhal, havia mais jogadores que passaram pelo futebol português, como Marchesín, Gonçalo Paciência e Franco Cervi. O treinador português entrou a 2 de novembro de 2022, para o lugar do argentino Eduardo Coudet, quando a equipa ocupava o 16.º lugar da Liga espanhola, um ponto acima da zona de despromoção. Numa recuperação dramática, o Celta chegou a última jornada ainda em perigo de descer e recebeu o Barcelona, campeão nessa época. Com dois golos de Gabri Veiga, o Celta venceu os catalães por 2-1 e celebrou a permanência nos Balaídos.